sábado, 27 de setembro de 2008

shhhh!

As cervejas e os cigarros,
na casa silenciosa,
são meus melhores amigos.

Tento (virtualmente) algo poético,
e bem menos caótico.
Tento em vão.

Das companhias;
vêm as mal-traçadas,
o disco velho na vitrola
e os rabiscos (esses, companheiros recentes),
que, na maior parte das vezes,
confundem mais do que buscam ajudar.

Do socorro, ninguém ouve.
Talvez não esteja chamando certo.
Das dúvidas, a mais coesa é incerta,
(“tua febre que nunca descansa,
O delírio que de há de matar!”)
dos delírios, os mais inóspitos, são caminhos.

Como posso querer me libertar de algo tão meu?
De algo tão próprio?

Mais um gole.
A febre aumenta.
A alma (maldita, que cisma tanto em me repudiar), delira.
De lira, fazem meus sonhos,
dos tons mais altos,
o suficiente para me manter acordada no silêncio vazio que tanto arde.

Não consigo parar.

A(s)cendo uma vontade,
dessas, viciantes.
Faço dela, minha (contra) vontade.

A decadência (ser indecente, sem pudor e nem chama) logo irá me carregar.
Carregar para mundos (de mares profundos) que ninguém jamais ousou.
Mundos (desses mundanos) de felicidades vazias e depressões cada vez mais profundas.

E logo, quando a cerveja acabar,
estarei beirando algo sem beira,
sem pé e nem fundo.
Imersa em um mar desconhecido.
lotado de criaturas boiando a esmo.

Acham lindo, acham poético,
(nem percebem, que da poesia, perdi até a métrica)
acham criativo.
Julgam, erroneamente, dom.

Não.
Sou eu, de dor e de inconstância.
Sou eu, de prisão e de falta.
Sou eu, de medo e de escuridão.

Não me chame de gênio hoje.

Dos gênios sou a pior parte.
(“O delírio que te há de matar!”)
Dos gênios, sou o que omitiram.
Dos gênios, sou o que não quero mais.

A ressaca.
O gosto de cinzeiro na boca.
A obsessão por um prazer de finas linhas.

Tento.
Tento em vão.

Dos gênios, sou o último vômito do amanhecer.

Finjo menos caótico,
Para parecer mais aceitável.
Mas me perco.
Me perco,
no mesmo caos que crio.

(vamos aos goles mais fortes,
ao ponto do poço mais profundo.
Onde se pode falar com os incomunicáveis,
e compreender as mais doridas do mundo.)
 

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